Redemoinho assusta no
Jatapu
Um enorme redemoinho
d’água, visto às 14h de domingo, no rio Jatapu,
localizado acima do Município de São Sebastião do Uatumã
(a 245 quilômetros de Manaus), causou sensações de
emoção e pânico ao engenheiro Paulo Sérgio Azevedo, 46,
e ao casal de amigos Pauderley e Cláudia Avelino quando
retornavam de uma pescaria, em uma lancha.
O
fenômeno, que durou cerca de cinco minutos, foi visto no
meio do lago do rio Jatapu, a uma distância de cerca de
dez quilômetros, em forma de um enorme círculo de água
na base que, ao mesmo tempo, era sugado e levantado até
às nuvens negras do céu com movimentos de rotação, em
meio a um temporal.
"Assistimos até ele se
dissipar na praia, sem saber se chegou a arrastar alguém
ou alguma coisa pelo caminho", descreve o engenheiro, ao
narrar que as imagens foram feitas logo após ele ter ido
até o camarote da lancha para apanhar a máquina
fotográfica para registrar a paisagem local.
O
fato chamou a atenção de Azevedo após o clarão de um
raio que o fez voltar-se para trás e se deparar com o
redemoinho. "Chamei o pessoal para ver", disse, ao
contar que fez dez fotos e mais um vídeo usando recursos
de sua máquina digital.
"Foi algo emocionante.
Mas ao mesmo tempo vivemos momentos de pânico porque
estávamos no meio do rio e não sabíamos que direção ele
estava tomando e qual era sua velocidade", avaliou
Azevedo.
Em uma primeira avaliação do chefe da
seção de previsão do tempo do Instituto de Meteorologia
do Amazonas (Inmet), Veríssimo Assis, o que o empresário
e os amigos viram foi o fenômeno denominado de "tromba
d’água", que acontece em rios e oceanos. Em terra firme
o fenômeno é denominado "tornado" e não ciclone. "É um
fenômeno que não deixa de ser destruidor, mas ao chegar
em terra firme diminuiu a potência porque as matas se
encarregam de freá-lo."
Apesar das sensações de
medo e pânico que sentiu ao registrar a enorme tromba
d’água no rio Jatapu, a perspicácia do engenheiro em
fotografá-la trouxe como novidade o fato de ser o
primeiro registro "real" de um fenômeno levado ao Inmet
no Amazonas e que será encaminhado para estudos no
Instituto Nacional de Meteorologia, em Brasília. "Não é
comum se ver isso aqui e é raro acontecer no mesmo
local", diz Veríssimo, não descartando, entretanto, que
existem pessoas que vêem esse tipo de coisa, mas que
fica difícil comprovar o fenômeno sem o registro
material do fato. Ele cita como exemplo que em áreas do
Município de Tefé, mateiros testemunham a derrubada da
selva por tornados, mas a questão é
comprová-lo.
Ao contrário do que acontece em
oceanos, a tromba d’água é relativamente fraca no
Amazonas. "Ao contrário de outras regiões do mundo, aqui
não temos casos de destruição que levem a uma tragédia
como acontece lá fora."
Veríssimo disse que irá
encaminhar o material na segunda-feira, prevendo que
após uma avaliação o instituto deva encaminhar uma
resposta. A fim de checar melhor o fenômeno, com base
nas imagens do satélite naquele dia, o chefe de previsão
de tempo ficou admirado porque às 14h daquele dia não
havia nada de significante na área onde fica o rio
Jatapu, a não ser uma chuva normal e diferente da
previsão de ontem, que indicava tempo mais fechado por
lá.
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