Manaus, Sábado, 16 de Novembro de 2002

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Redemoinho assusta no Jatapu

De dentro da lancha, passageiro registrou movimento intenso sobre a água [Foto: Paulo Sérgio Azevedo/Free lancer]

Um enorme redemoinho d’água, visto às 14h de domingo, no rio Jatapu, localizado acima do Município de São Sebastião do Uatumã (a 245 quilômetros de Manaus), causou sensações de emoção e pânico ao engenheiro Paulo Sérgio Azevedo, 46, e ao casal de amigos Pauderley e Cláudia Avelino quando retornavam de uma pescaria, em uma lancha.

O fenômeno, que durou cerca de cinco minutos, foi visto no meio do lago do rio Jatapu, a uma distância de cerca de dez quilômetros, em forma de um enorme círculo de água na base que, ao mesmo tempo, era sugado e levantado até às nuvens negras do céu com movimentos de rotação, em meio a um temporal.

"Assistimos até ele se dissipar na praia, sem saber se chegou a arrastar alguém ou alguma coisa pelo caminho", descreve o engenheiro, ao narrar que as imagens foram feitas logo após ele ter ido até o camarote da lancha para apanhar a máquina fotográfica para registrar a paisagem local.

O fato chamou a atenção de Azevedo após o clarão de um raio que o fez voltar-se para trás e se deparar com o redemoinho. "Chamei o pessoal para ver", disse, ao contar que fez dez fotos e mais um vídeo usando recursos de sua máquina digital.

"Foi algo emocionante. Mas ao mesmo tempo vivemos momentos de pânico porque estávamos no meio do rio e não sabíamos que direção ele estava tomando e qual era sua velocidade", avaliou Azevedo.

Em uma primeira avaliação do chefe da seção de previsão do tempo do Instituto de Meteorologia do Amazonas (Inmet), Veríssimo Assis, o que o empresário e os amigos viram foi o fenômeno denominado de "tromba d’água", que acontece em rios e oceanos. Em terra firme o fenômeno é denominado "tornado" e não ciclone. "É um fenômeno que não deixa de ser destruidor, mas ao chegar em terra firme diminuiu a potência porque as matas se encarregam de freá-lo."

Apesar das sensações de medo e pânico que sentiu ao registrar a enorme tromba d’água no rio Jatapu, a perspicácia do engenheiro em fotografá-la trouxe como novidade o fato de ser o primeiro registro "real" de um fenômeno levado ao Inmet no Amazonas e que será encaminhado para estudos no Instituto Nacional de Meteorologia, em Brasília. "Não é comum se ver isso aqui e é raro acontecer no mesmo local", diz Veríssimo, não descartando, entretanto, que existem pessoas que vêem esse tipo de coisa, mas que fica difícil comprovar o fenômeno sem o registro material do fato. Ele cita como exemplo que em áreas do Município de Tefé, mateiros testemunham a derrubada da selva por tornados, mas a questão é comprová-lo.

Ao contrário do que acontece em oceanos, a tromba d’água é relativamente fraca no Amazonas. "Ao contrário de outras regiões do mundo, aqui não temos casos de destruição que levem a uma tragédia como acontece lá fora."

Veríssimo disse que irá encaminhar o material na segunda-feira, prevendo que após uma avaliação o instituto deva encaminhar uma resposta. A fim de checar melhor o fenômeno, com base nas imagens do satélite naquele dia, o chefe de previsão de tempo ficou admirado porque às 14h daquele dia não havia nada de significante na área onde fica o rio Jatapu, a não ser uma chuva normal e diferente da previsão de ontem, que indicava tempo mais fechado por lá.






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